terça-feira, 3 de março de 2009

Bela análise sobre 2010 - por Paulo Henrique Amorim

No dia 21 de abril, em Ouro Preto, o governador de Minas, Aécio Neves, fará um pronunciamento que pode se transformar no ponto de partida de sua campanha à Presidência.

. Em 2009, faz 220 anos da Revolução Francesa.

. Em 2009, faz 220 anos da Conjuração Mineira.

Os mineiros se lembram de que a Conjuração Mineira, também filha do Iluminismo, se deflagrou em março de 1789. E a convocação dos Estados Gerais para Versailles, que marcou o início da Revolução Francesa, foi em maio de 1789.

Antes dessa manifestação em Ouro Preto, no dia 16 de março, em Recife, Aécio Neves participará do lançamento do livro de Fernando Lyra sobre Tancredo Neves. Quando era deputado do MDB autêntico, um dia Fernando Lyra pediu audiência ao Governador recém-eleito de Minas, Tancredo Neves, e disse que tinha ido ali lançar a candidatura dele a Presidente.

Tancredo não disse nada. E pediu a Fernando que fizesse o mesmo: não dissesse mais nada sobre aquele assunto. A certa altura, Tancredo disse a Fernando: vou ser candidato, nas diretas ou nesse tal de colégio.

E disse que preferia enfrentar o Maluf, aquele paulista arrogante, ao Andreazza. Porque o Maluf é bom para perder.

Mais ou menos o que a Dilma deve dizer agora…

Fernando acabou articulador político de Tancredo no Congresso e seu Ministro da Justiça (na verdade, de Sarney). Sarney o mandou embora por uma frase: Fernando disse que Sarney era “a vanguarda do atraso”. E não é ?

Ao evocar essa companhia, Aécio mostra algumas de suas armas. Até agora, na verdade, Aécio não disse por que pretende ser Presidente. Aliás, não fica nada a dever a José Serra, que jamais disse qualquer coisa, depois do comício da Central, antes da queda de Jango.

Serra, provavelmente, anunciará sua candidatura no dia 9 de julho, na rua Barão de Limeira. Evocará a grande batalha da Paulicéia, a Revolução “Constitucionalista” de 32. Trata-se de uma derrota fragorosa, que o PiG (Partido da Imprensa Golpista - Organizações Globo, Veja, Folha de São Paulo e Estadão) de São Paulo comemora como se fosse a ocupação do prédio do Reichstag pelos soldados soviéticos em 1945.

O discurso de Serra será escrito por Elio Gaspari. Terá uma longa exposição sobre a política cambial que adotará: aquela que prejudica as importações de produtos que possam competir com a indústria paulista; e encoraja a exportação de produtos paulistas.

Com a ajuda de Kenneth Maxwell, demonstrará que a Conjuração Mineira não passou de um convescote de “radical chics”, que se reuniam na casa de Leonard Bernstein. Enquanto isso, à platéia serão distribuídos exemplares apócrifos de dossiês sobre a vida pessoal de Aécio Neves, redigidos por Mauro Chaves e produzidos pela central editorial de Marcelo Itagiba.

E o Datafolha publicará naquela manhã uma pesquisa definitiva: Serra se elege no primeiro, no segundo e no terceiro turno. De qualquer eleição.

Depois, Serra e Aécio sairão em caravana pelo país. Aécio falará de seu Governo em Minas. Serra contará o que fez na Prefeitura de São Paulo – de onde jurou não sair - e em dois anos de Governo de São Paulo: nada. Um ao lado do outro, juntos, no palanque. Os dois a sorrir para a platéia.

Serra mostrará aquela gengiva interminável. Em quem as mulheres vão querer votar ? – se pergunta um amigo navegante, amigo do Conversa Afiada, que acompanha a carreira de Serra desde o exílio.

Como diria Tancredo Neves: “esse pessoal (os paulistas) tem tudo. Menos inteligência política”.

Paulo Henrique Amorim

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